Volta ao mundo em 52 histórias, de Neil Phillip e ilustrações de Nilesh Mistry, Companhia das Letrinhas

Resenha para crianças

Volta ao mundo em 52 histórias

Com 52 histórias tradicionais de diversos países do mundo, este livro reúne uma incrível variedade cultural através de personagens, cenários, conflitos e muitas particularidades de diferentes lugares. Além de contos que conhecemos bem, como A Bela e a Fera e Rapunzel, há também narrativas tradicionais de países como a Finlândia, a Grécia e a Costa Rica – divididas em Contos de Encantamento, de Heróis e Heroínas e O Amor tudo vence – com uma riqueza de detalhes e ainda explicações bem interessantes sobre alguns elementos de cada história.

Mais sobre a leitura de Volta ao mundo em 52 histórias:

O livro “Volta ao Mundo em 52 Histórias”, com narração de Neil Philip e ilustrações de Nilesh Mistry, da editora #ciadasletrinhas, rende inúmeras contações! São contos tradicionais do mundo todo, organizados por temas. As crianças adoram escolher o tipo de história que querem no dia. Hoje, por exemplo, quiseram escolher entre as de heróis e heroínas.

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Histórias à Brasileira – Pedro Malasartes e outras, recontadas por Ana Maria Machado, ilustradas por Odilon Moraes, Companhia das Letrinhas

Resenha para crianças

Histórias à Brasileira

Quem nunca ouviu uma aventura de Pedro Malasartes, aquele herói que roda o mundo tentando sobreviver? Pois Ana Maria Machado ouvia muitas dessas histórias quando era criança, assim como outras, com enredos e personagens bastante conhecidos por aí.

Neste livro, ela registra algumas dessas histórias populares, permitindo – de um jeito lindo – que a gente também possa rir, chorar, torcer, afligir, comemorar…

Como foi a leitura de Histórias à Brasileira:

Hoje foi dia de história com a Helena, escolhemos as “Histórias à Brasileira – Pedro Malasartes e outras”, recontadas por Ana Maria Machado e ilustradas por Odilon Moraes #ciadasletrinhas 

A Helena já conhece o livro porque a professora leu no ano passado, mas ela quis ler novamente. É sempre bom voltar para um livro. Acho legal, inclusive, ler a mesma história para a criança em diferentes idades. Cada vez a leitura é de um jeito, parece nova. Acho que até com os adultos é assim, eu gosto de ler novamente um livro, mas em uma fase diferente da vida.

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O Leão Papa-desenhos, de Beniamino Sidoti, ilustrado por Gianluca Foli, Editora Pulo do Gato

Naquela cidade, havia um leão que comia desenhos. Mas não qualquer desenho – ele gostava mesmo dos feitos por crianças, bem coloridos, cheios de vida. O problema é que, para saciá-lo, elas tinham que produzir muito, com bastante capricho, todos os dias, todas as horas.

Resenha para crianças

O Leão Papa-desenhos

Naquela cidade, havia um leão que comia desenhos. Mas não qualquer desenho – ele gostava mesmo dos feitos por crianças, bem coloridos, cheios de vida. O problema é que, para saciá-lo, elas tinham que produzir muito, com bastante capricho, todos os dias, todas as horas.

A situação estava ruim, as crianças estavam cansadas e os pais chateados por não poder guardar nenhum desenho de seus filhos. Até que um menino foi conversar com o leão e improvisou um plano muito inteligente. Mas eu não posso contar qual é o plano, né? Se não perde a graça!

Veja como foi a leitura de O Leão Papa-desenhos:

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O Sr. Raposo adora livros, de Franziska Biermann, Editora Cosac Naify

O Sr. Raposo adora livros. Gosta tanto que devora os exemplares, com sal e pimenta. O problema é que os livros nunca são suficientes – são caros para comprar em livrarias e não se pode devorar, despercebido, todos os exemplares de uma biblioteca. Mas ele encontrou uma solução!

Resenha para crianças

O Sr. Raposo adora livros. Gosta tanto que devora os exemplares, com sal e pimenta. O problema é que os livros nunca são suficientes – são caros para comprar em livrarias e não se pode devorar, despercebido, todos os exemplares de uma biblioteca. Mas ele encontrou uma solução! E sabe de onde ela veio? Justamente de tudo o que aprendeu nas muitas histórias que comeu durante a vida. Porque armazenar palavras é uma ótima ideia para quem precisa ter ideias!

Mais sobre a leitura

Helena quis contar um pouco do livro que ela está lendo sozinha, “O Sr. Raposo Adora Livros!”, de Franziska Biermann, editora #cosacnaify. Eu fiquei super feliz quando ela começou a fazer isso e a vontade de ler sozinha partiu dela.

A gente já tinha lido juntas alguns livros em partes e em capítulos (eu lendo), então essa leitura serviu como uma ponte para a leitura independente de livros maiores. Formar leitores é um processo lindo! Você que tem filhos pequenos e lê para eles desde bebê, continue firme, faça a mediação, traga bons livros para casa que o resultado é maravilhoso!

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O livro sem figuras, de B. J. Novak, Editora Intrínseca

Resenha para crianças: O livro sem figuras

O que vocês acham de um livro sem figuras? Chato? Bobo? Pois pode ser também muito engraçado! Quem lê essa história acaba numa armadilha de palavras e, de repente, se vê obrigado a falar e fazer coisas diferentes, fazer barulhos esquisitos, cantar músicas bobas e até fazer declarações um pouco constrangedoras… Tudo para chamar a atenção dos pequenos leitores, já que não há figuras.

É muito divertido, garanto que vocês vão se surpreender!

Veja como foi a leitura!

A gente se divertiu muito hoje com “O Livro Sem Figuras”, de B.J. Novak, da editora Intrínseca. Tive que ler tudinho que estava escrito no livro, seguindo a regra, e as crianças morreram de rir!

Com humor, o livro quebra totalmente com aquela ideia de que um livro sem imagem é sem graça!

Um livro para descontrair, dar risada, sem medo de pagar mico!

Atenção: um adulto envergonhado não vai conseguir fazer a leitura!

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Super Zeróis, de Marcelo Cipis, Editora Cosac Naify

Resenha para crianças

Vamos conhecer os Super Zeróis?

Esse não é um livro convencional. Ou, pelo menos, não um livro que já esteja convencionalmente pronto. São várias cartas com divertidas ilustrações dos super zeróis, que podem ser contadas na ordem original ou reorganizadas para que novas histórias sejam inventadas com esses personagens – muito divertidos e atrapalhados, como o Hiperseno, que tem a coragem do tamanho de um grão de areia, sem exagerar! Aliás, há descrição dos zeróis para quem quer conhecê-los, mas nada impede que, com criatividade, eles ganhem diferentes características, nomes e, claro, poderes.

 

Mais sobre a leitura de Super Zeróis

Hoje foi dia de criação de história a partir de uma caixinha muito especial.

As crianças se encantaram com a caixinha dos “Super Zeróis”, do Marcelo Cipis, editora #cosacnaify e, na maior empolgação, decidiram criar uma história!

Um objeto-livro totalmente diferente e interativo. A leitura tem a ver com a materialidade e traz inúmeras possibilidades! Tudo com muito bom humor e muitas pitadas de ironia!

Confira o resultado no vídeo!

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Não existe dor gostosa, de Ricardo Azevedo, ilustrado por Mariana Massarani

Resenha para crianças

Para você, qual é a pior dor? De cabeça, ouvido, garganta? Não existe dor gostosa, nem dor que seja melhor… E com esse monte de doenças que estão por aí, fica difícil eleger a pior delas, a mais assustadora. Mas com uma divertida combinação de palavras e sintomas, as doenças ficam muito melhores… de ler, pelo menos!

O livro tem vários poemas sobre doenças comuns do dia a dia, como tosse, frieira, vermes e lombrigas, além de alguns adivinhas. Tudo tratado com muito bom humor por Ricardo Azevedo, como sempre!

Mais sobre a leitura do livro Não existe dor gostosa

O livro de hoje é de um autor muito bacana, o Ricardo Azevedo. O livro “Não existe dor gostosa” trata com o maior bom humor o tema doenças e adjacências. Cada doença é um poema e o final é cheio de adivinhas divertidas! O livro tem ilustrações de Mariana Massarani.

Veja como foi a leitura!

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A Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo, de Regina Machado, ilustrado por Angela Lago

Regina Machado é uma grande pesquisadora de histórias. Em “A Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo”, ela traz sete narrativas da tradição oral do oriente, que têm um jeito especial de falar que sobre a vida, a passagem do tempo, características peculiares de pessoas e lugares, as diferenças e as diversas perspectivas que podem existir por trás de nossos olhares.

Resenha para crianças

Vamos conhecer o livro A Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo?

Regina Machado é uma grande pesquisadora de histórias. Em “A Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo”, ela traz sete narrativas da tradição oral do oriente, que têm um jeito especial de falar que sobre a vida, a passagem do tempo, características peculiares de pessoas e lugares, as diferenças e as diversas perspectivas que podem existir por trás de nossos olhares.

Minha história preferida é a disputa entre “Os artistas chineses e gregos”, que usam suas técnicas milenares para ver quem consegue agradar mais o rei, mas acabam surpreendendo e emocionando toda a cidade.

Mais sobre a leitura do livro A formiga Aurélia:

Lemos O alfaiate desatento, conto que eu mais gosto do livro A formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo. O livro é da Regina Machado com desenhos de Angela Lago. A história é linda, confira a leitura no vídeo!

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A vida íntima de Laura, um livro de Clarice Lispector

ônica de Clarice Lispector, fica fácil entendê-la e admirá-la – tanto Laura quanto Clarice!

Resenha para crianças

Laura é uma galinha muito simples, simpática e bastante burra. Ao conhecer a vida íntima que ela leva no galinheiro através da linguagem direta e irônica de Clarice Lispector, fica fácil entendê-la e admirá-la – tanto Laura quanto Clarice!

 

 

 

 

 

Mais sobre a leitura

A leitura fez parte do #lomdesafioliterario

Foi um dos primeiros livros que lemos! Como fazia parte do desafio ler um livro por dia, aproveitamos cada momento livre para ler! Neste dia a leitura foi no carro, quando esperávamos os irmãos saírem da natação.

Este é um livro que pode ser lido em diferentes fases da infância (e da vida!). Já li com alunos na escola muitas vezes e com meus filhos também! Percebo que a cada leitura as crianças trazem olhares diferentes e acessam diferentes “camadas” do livro!

A edição lida (que eu tenho) é antiga, a nova edição é mais bacanuda, possui lindas ilustrações de Odilon Moraes.

 

 

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Literatura na tela

 

Quando viajo com as crianças, a quantidade de coisas para levar é imensa! É muita roupa, sapato (os meus filhos se sujam bastante, ainda bem!), brinquedo, etc. Eu sempre gosto de levar livros e com esta quantidade de bagagem, acabei optando por baixar uns aplicativos de livros ou que têm alguma relação com literatura para usar nas horas de leitura ou nos momentos de aperto.

Apesar de deixar que os meus filhos usem o tablet, acho que não é saudável deixar uma criança muito tempo na frente das telas. Sei que o mais importante para eles é brincar, mexer o corpo, encontrar outras crianças. Entretanto, a partir de uma certa idade (5/6 anos), é possível selecionar um conteúdo digital bacana e deixar a criança fazer uso dele, durante um tempo controlado.

Não somos contra a tecnologia, pelo contrário, entendemos que é preciso saber usá-la da melhor maneira possível. Neste espaço pretendemos falar sobre tecnologia, pois é um assunto que dá muito “pano para manga”.

A tecnologia não se restringe só a aparelhos que possuem tela, o assunto é bem mais abrangente, mas começaremos fazendo uma seleção de aplicativos que têm relação com a literatura para vocês!

A nossa lista é pequena, mas só entra coisa bacana de verdade!

Aí vai:

  • Meu aplicativo de Folclore – Ricardo Azevedo – Ed. Ática

https://itunes.apple.com/br/app/meu-aplicativo-de-folclore/id650086942?mt=8

  • Crianceiras – poesias de Manoel de Barros – músicas por Márcio de Camillo

https://itunes.apple.com/br/app/crianceiras-poemas-musicados-de-manoel-de-barros/id1151435252?mt=8

  • Sua História Maluquinha – Ziraldo – Ed. Melhoramentos

https://itunes.apple.com/us/app/sua-hist%C3%B3ria-maluquinha/id923417513?mt=8

  • Flicts – Ziraldo – Ed. Melhoramentos

https://itunes.apple.com/us/app/flicts/id922384325?mt=8

  • Marina está do contra – Editora Caixote

link para a Apple Store

link para o site da Editora Caixote

  • Editora Moderna – Neste app você consegue baixar versões online de clássicos como:

– O grande Rabanete, de Tatiana Belinky

– Felpo Filva, de Eva Furnari

https://itunes.apple.com/br/app/literatura/id478391841?mt=8

 

O que é leitura? Uma reflexão sobre formação de leitores

crédito da imagem: Shuterstock.com

Este é um post para quem quer se aprofundar na teoria! Ele trata da formação de leitores e explicaremos o que é leitura segundo a nossa linha de pensamento. Ele também foi adaptado do meu livro:

Práticas de Linguagem oral e escrita na Educação Infantil – PNBE do professor 2013 – Bruna Cardoso – Editora Anzol (Grupo SM); p. 38-43.

A FORMAÇÃO DE LEITORES

Após termos abordado a construção da linguagem escrita, torna-se interessante abrir espaço aqui para falarmos um pouco sobre a formação do leitor, assunto importante dentro desse processo de construção, pois envolve o papel da escola, da sociedade e da família.

Iniciaremos refletindo sobre o que é a leitura.

Tradicionalmente vista como a decifração de um código, hoje em dia sabe-se que o processo de leitura é muito mais que isso. Ler envolve uma série de capacidades, que vão muito além da pura decodificação. Aliás, quem aprende a ler apenas decodificando não atribui significado ao texto e não compreende o que lê. Esse é um dos grandes problemas da alfabetização no Brasil: o analfabetismo funcional.

E que outras capacidades de leitura são essas?

São as capacidades relacionadas à compreensão, à interação e à interpretação.

Para refletirmos sobre o que essas capacidades representam, pensaremos nas atitudes que um leitor proficiente tem ao iniciar uma leitura.

Primeiramente ele escolhe o que vai ler, levando em consideração algum motivo: necessidade, vontade, prazer. Como é um leitor experiente, ele muitas vezes sabe alguma coisa sobre o autor, sabe a que gênero pertence o texto escolhido, assim como suas principais características.

Dessa maneira, por meio dos seus conhecimentos prévios, consegue realizar algumas antecipações sobre o que vai ler, além de produzir inferências ao longo da leitura. Durante a leitura, este leitor também conseguirá relacionar o texto que está lendo com outros que já foram lidos anteriormente, perceber como o texto escrito se relaciona com as imagens (no caso de um jornal, por exemplo), apreciar a leitura e elaborar sua opinião a respeito do assunto tratado no texto.

Quando falamos de leitura, então, devemos considerar tudo isso. Por esse motivo, é possível trabalhar leitura com crianças bem pequenas, inclusive com bebês. Este ‘trabalho’ pode acontecer tanto em casa como na escola. É importante que o sujeito aprenda desde pequeno para que serve a leitura, nas mais diversas instâncias e, ao mesmo tempo, aprofunde e aprimore este conhecimento na escola. A leitura precisa fazer parte da vida.

O que é leitura, afinal?

Resumidamente, temos três tipos de capacidades de leitura[1]:
  • as de decodificação, que envolvem: compreender as diferenças entre escritas e outras formas gráficas, conhecer o alfabeto, compreender a natureza alfabética do sistema de escrita, ler (reconhecendo globalmente palavras escritas) e ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto, desenvolvendo maior fluência e rapidez na leitura;
  • as de compreensão (estratégias), que envolvem: a ativação de conhecimentos prévios, a antecipação ou predição[2] de conteúdos ou propriedades dos textos, a checagem de hipóteses, a localização ou cópia de informações, a construção de informações a partir de comparação de trechos do texto, a produção de inferências[3] locais e globais;
  • as de apreciação e réplica do leitor em relação ao texto (interpretação, interação), que envolvem: a recuperação do contexto de produção de texto, a definição das finalidades da atividade de leitura[4], percepção de relações de interdiscursividade[5], percepção de outras linguagens[6], elaboração de apreciações estéticas, afetivas e até relacionadas a valores éticos[7].

Na Educação Infantil é possível, por exemplo, trabalhar as capacidades de decodificação, quando uma criança, a partir do seu nome ou de palavras significativas, conhece as letras do alfabeto, podendo até começar a estabelecer relações entre grafemas e fonemas. Também é interessante propor atividades em que a criança possa “ler sem saber ler”, ainda convencionalmente, fazendo uso de estratégias de antecipação, localização e inferência.

Além disso, a definição das finalidades da leitura deve ser sempre dita ou demonstrada de alguma maneira aos alunos: “Hoje eu trouxe uma reportagem interessante sobre show gratuito que vai ter no parque para as crianças. Vamos ler?”.

Apreciar e emitir opinião, mesmo que de maneira mais simples, sobre um texto lido pelo professor, ou em casa por um adulto, também são tarefas perfeitamente possíveis para crianças de 4 a 6 anos (ou menos!).

Pensando agora na importância do adulto no processo de formação das crianças como leitoras, para que isso aconteça (a criança se formar como leitora), é preciso que haja a articulação de dois fatores: o contato com materiais escritos e o compartilhamento com outros leitores de práticas de leitura. Quando a criança ainda não sabe ler convencionalmente, isso acontece, muitas vezes, concomitantemente, pois é o leitor adulto que traz o material escrito e, assim, o inclui nas práticas de leitura.

“A tarefa de mostrar às crianças as características e o sentido da escrita fica, portanto, sob a responsabilidade dos leitores mais experientes que convivem com elas. Cabe a eles compartilhar momentos de leitura com as crianças, fazendo-as, assim, usuárias da escrita”[8].

É preciso sinalizar que a preocupação com os textos que serão trazidos deve ser enorme. A criança precisa encontrar significado nos textos que irá ler e isso só acontecerá quando a função da leitura for percebida.

Ou seja, na maior parte dos casos, para se tornar um bom leitor, o indivíduo precisa se formar nesse sentido. Desse processo de formação, fazem parte todas as vivências que ele tem desde pequeno acerca da linguagem escrita. Além disso, nessa trajetória, o contato com outros bons leitores mais experientes é muito importante, pois são eles os responsáveis pela formação leitora, visto que proporcionam às crianças o contato com materiais escritos e a inserção nas práticas de leitura.

O texto acima foi adaptado do meu livro:

Práticas de Linguagem oral e escrita na Educação Infantil – PNBE do professor 2013 – Bruna Cardoso – Editora Anzol (Grupo SM).

Este texto é propriedade da autora (Bruna Cardoso) e da Editora SM, qualquer tipo de reprodução é proibida.

[1] Texto organizado a partir de ROJO, Roxane Helena Rodrigues. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE/CENP, 2004. Apresentado em congresso, em maio de 2004.

[2] Uma espécie de “adivinhação” de fatos, características ou assuntos, de que tratará o escrito, por meio da mobilização dos conhecimentos prévios que o leitor possui sobre o tipo de texto, o portador, o léxico, o assunto de que trata etc.

[3] Tentativa de captar o que não está explícito no texto, por meio dos conhecimentos prévios que possui o leitor.

[4] O motivo da leitura.

[5] Colocar o discurso em relação com outros discursos já conhecidos.

[6] Imagens, gráficos, sons etc.

[7] Criticar, dizendo os motivos (se gosta, não gosta e por quê).

[8] STRANO, Paula. Como se formam os leitores. São Paulo: Instituto Superior de Educação Vera Cruz, 2010. p. 10. Pós- graduação: “Alfabetização: relações entre ensino e aprendizagem”.

Vídeos do nosso canal que podem ajudar na formação de leitores:

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Alfabetização e construtivismo

crédito da imagem: Shutterstock.com

Alfabetização construtivista: no curso Experiência Ler o Mundo nós trazemos a teoria sobre a abordagem de alfabetização em que acreditamos, de maneira bem direta e articulada às atividades práticas. Este post é para quem quer se aprofundar mais no assunto e entender de onde vem a nossa concepção teórica de alfabetização. O texto foi adaptado do meu livro:

Práticas de Linguagem oral e escrita na Educação Infantil – PNBE do professor 2013 – Bruna Cardoso – Editora Anzol (Grupo SM); p. 32-38.

A LINGUAGEM ESCRITA

A linguagem escrita sempre teve seu lugar de destaque nas práticas escolares. A maioria dos educadores considera seu ensino muito importante. Geralmente as divergências que se manifestam a esse respeito relacionam-se ao momento (quando) e à maneira (como) de dar início a esse ensino.

Como trabalhar a alfabetização?

Comecemos por como. Nos últimos anos, inúmeras discussões sobre o processo de alfabetização vêm se realizando e, sob a perspectiva da psicogênese da língua escrita desenvolvida pela psicóloga e educadora Emilia Ferreiro, com base na teoria construtivista da aprendizagem, houve a reformulação do olhar sobre a criança. A criança, que na concepção tradicional e condutista é vista como um receptáculo de estímulos que reage imitando e seguindo reforços positivos, passa a ser compreendida como agente do processo de aprendizagem, capaz de construir seu conhecimento por meio da interação com as pessoas, com os objetos e com o meio em que vive. A própria Emilia Ferreira afirma:

No lugar de uma criança que recebe pouco a pouco uma linguagem inteiramente fabricada por outros, aparece uma criança que reconstrói por si mesma a linguagem, tomando seletivamente a informação que lhe provê o meio[1].

Nessa nova perspectiva, Ferreiro e posteriormente outros pesquisadores, como Ana Teberosky, puderam analisar e compreender o processo de construção do sistema de escrita realizado pelas crianças.

Os estudos mostram que elas levantam hipóteses, questionam e reformulam-nas até conseguirem compreender o sistema alfabético. Ao fazer isso, levam em consideração nomes, letras e palavras que conhecem, relacionando o saber que possuem com o que acontece à sua volta e conceitualizando suas hipóteses sobre o nosso sistema alfabético de escrita.

Assim, é possível dizer, ainda, que há uma mudança na forma de ver as relações de ensino e aprendizagem. Em vez de “como ensinar”, é preciso compreender “o que o sujeito aprende”.

Construtivismo e alfabetização

Pensar a criança como agente e construtora do seu conhecimento é, grosso modo, o que diferencia a psicogênese da língua escrita de outras concepções de alfabetização. No entanto, há também outro aspecto enfatizado pelos autores que defendem essa concepção de ensino da língua escrita: eles veem a alfabetização de maneira mais ampla, não a considerando apenas como o processo de construção do sistema de escrita. Alfabetizar é também entrar em contato com os diferentes gêneros textuais, compreendendo suas funções e seus usos. Isso significa, por exemplo, que a criança irá desde cedo, por meio da ajuda de um adulto, ouvir a leitura de contos e perceber que pode ler por prazer e ter hábito de leitura, que irá seguir uma receita escrita para fazer um bolo ou que irá ler um texto de uma enciclopédia para obter informações científicas que está pesquisando. A educadora Telma Weisz ressalta que:

A redução do processo de alfabetização à simples memorização de um conjunto de correspondências grafofônicas reduz também a aprendizagem do sistema de escrita à mera aprendizagem de um código. Contra todo o conhecimento acumulado pela linguística nas últimas décadas, reduz-se a língua a pura fonologia – ignorando-se o fato de que, tratando a escrita como pura transcrição da fala, o que se obtém é uma linha direta para o analfabetismo funcional, ou seja, para a formação de gente capaz de oralizar textos sem compreendê-los. Pois o mundo da cultura escrita, no qual cabe à escola introduzir todos os seus alunos, é um mundo intertextual que se organiza em gêneros com linguagem própria, muito diferente da linguagem que se usa para falar[2].

Partindo dessa concepção mais ampla sobre a alfabetização, a leitura e a escrita de diferentes textos, em seus mais diversos contextos e utilidades, são práticas incorporadas ao cotidiano escolar. Tanto a leitura quanto a produção escrita realizadas pelos alunos em sala de aula tornam-se objeto de ensino, antes mesmo de a criança ter formalmente construído o sistema de escrita.

Quando começar a alfabetização?

Agora, iniciemos a discussão sobre quando ensinar a linguagem escrita.

Pasquier e Dolz,  em seu artigo “Um decálogo para ensinar a escrever”, propõem opções de ensino e aprendizagem da linguagem escrita. Desse decálogo, interessa-nos ressaltar um ponto, que diz respeito ao momento de se começar a ensinar a leitura e a escrita, denominado pelos autores de aprendizagem precoce. Perceba que o termo precoce, aqui, considera uma concepção de alfabetização ampla, não significa forçar as crianças pequenas com atividades mecânicas.

O trecho a seguir do artigo de Pasquier e Dolz resume nossa posição de que, respeitando-se as características e as possibilidades de cada faixa etária (ressaltando novamente que não significa exigir que as crianças pequenas façam o mesmo que os alunos mais velhos), é possível trabalhar a linguagem escrita com os alunos menores:

Desde muito cedo, graças ao desenho, ao contato frequente com os livros, à utilização de imagens e, sobretudo, à técnica do “professor como escriba” (a criança diz oralmente um texto “escrito”, ditando-o a um adulto que assume a tarefa gráfica), crianças pequenas podem produzir textos descrevendo um lugar conhecido, explicando um fenômeno conhecido, contando uma história, tentando convencer um colega, dando instruções para fabricar um brinquedo etc. Escrevendo esses textos, as crianças pequenas adquirem progressivamente a necessidade de se adaptarem às situações de comunicação (para quem estão escrevendo e por quê) e à necessidade de terem em conta que querem ser compreendidas; qual é o seu papel ao escreverem; com que finalidade estão escrevendo e o que devem fazer para conseguir seus objetivos. […] Assim, vemos que, desde a pré-escola, pode haver múltiplas atividades de contato com diversos tipos de livros e de pequenos textos, que constituirão os primeiros passos em uma prática que se fará mais complexa a cada ano[3].

A pedagoga Emilia Ferreiro também enfatiza a importância de se pensar na alfabetização desde cedo, dedicando ao tema o capítulo “A atenção à população de 4 a 6 anos em relação à alfabetização”, de seu livro Com todas as letras. Logo no início do texto, a autora responde, de maneira categórica, à famosa pergunta “Deve-se ensinar a ler e a escrever na pré-escola ou não?”: “Não se deve ensinar, porém deve-se permitir que a criança aprenda[4]. E o que Emilia Ferreiro quer dizer com isso?

Isso quer dizer que se deve deixar o objeto de conhecimento presente no dia a dia das crianças para que elas possam elaborar os conhecimentos sobre ele. A aprendizagem acontecerá quando o aluno observar a professora ler e escrever. Assim, pode-se explorar a diversidade textual e a diferença entre desenho e escrita, por exemplo. Esse tipo de trabalho traz muitos ganhos para a criança no momento em que ela ingressa no Ensino Fundamental.

Ao discutir a questão da introdução da alfabetização nas classes de crianças de Educação Infantil, Ferreiro se contrapõe às teorias que consideram que a criança precisa ter condições de “maturidade” para aprender a ler e a escrever e que utilizam exercícios de “prontidão” para a aprendizagem, argumentando:

  • Se a questão da maturidade fosse biológica, não haveria adultos analfabetos;
  • Os exercícios de “prontidão” ensinam o controle motor e a discriminação visual (aberto/fechado, acima/abaixo, direita/esquerda) e auditiva, e, assim, não contribuem para a compreensão do sistema alfabético de escrita e do caráter de representação da linguagem[5].

O embasamento de Emilia Ferreiro

Para dar suporte a suas críticas, a autora apresenta os dados de uma pesquisa feita inicialmente com 959 crianças, escolhidas ao acaso, acompanhadas regularmente ao longo do primeiro ano escolar em zonas determinadas (escolas públicas de três cidades do México), sendo que essas escolas já apresentavam durante cinco anos consecutivos um fracasso escolar acima da média estadual ou nacional.

Os dados foram analisados em função de produções escritas feitas pelas crianças em entrevistas. A solicitação era que escrevessem algumas palavras e uma frase que não faziam parte do repertório tradicional do início da escolaridade, como, bola, bolo, casa. Dessa maneira foi possível observar como as crianças escrevem, analisar os dados levando em consideração a linearidade, a orientação, a ausência total de pseudoletras, a ausência total de números, a escrita em sistema alfabético e a escrita com utilização dos valores sonoros convencionais das letras.

A conclusão foi que aprender os aspectos gráficos “externos” em relação ao sistema de escrita é fácil, o que confirma os argumentos da autora sobre os exercícios de “prontidão”.

No entanto Emilia Ferreiro afirma que a dificuldade da criança “é compreender […] o que a escrita representa e como [ela] a representa”[6].  E enfatiza a necessidade de se redefinirem os objetivos da alfabetização, tanto na Educação Infantil quanto no início do Ensino Fundamental.

Para tanto, a autora utiliza os exemplos de experiências de alfabetização consideradas alternativas, em trabalhos de pesquisa que foram realizadas desde 1974 e relatadas em diversas obras[7].  Apesar de variarem, essas experiências trazem em comum objetivos e propostas que, ainda hoje, podem, e devem, servir como reflexão.

A seguir, temos um esquema dessas ideias, que devem permear o processo de alfabetização[8]:

·    É preciso dar função à leitura e à escrita para que a criança compreenda as suas utilidades.
·    É preciso olhar para a escrita que a criança produz ou para o que ela tenta ler, e reconhecer o valor e a evolução dessa produção, bem como a riqueza que representa a heterogeneidade das conceitualizações que surgem no grupo.
·    É preciso ler para os alunos, escrever com eles e diante deles, deixar que eles explorem livros e diferentes textos.
·    Ao partir do próprio nome e do nome dos colegas, as crianças começam a construir seu repertório de informações sobre nosso sistema de escrita, por meio de comparações, memória análise, conflito…
·    A alfabetização precisa ser compreendida como processo. Cada criança passa por isso de maneira diferente e no seu próprio tempo. Na maioria das vezes, isso se inicia antes da escola e termina por completo depois do Ensino Fundamental.
·    Não é necessário corrigir o tempo todo os erros cometidos no início do processo. Isso pode inibir, além de não gerar reflexão. Os erros, inclusive, precisam ser compreendidos e interpretados pelo professor para que possam desafiar o aluno e ajudá-lo a avançar.

Crianças pequenas, de 4 e 5 anos, que têm a oportunidade de entrar em contato com o mundo da leitura e da escrita de maneira interessante, sem serem forçadas a aprender a ler e a escrever, têm condições de iniciar de maneira vantajosa o Ensino Fundamental. Nas palavras da própria Emilia Ferreiro:

A alfabetização passa a ser uma tarefa interessante, que dá lugar a muita reflexão e a muita discussão em grupo. A língua escrita se converte num objeto de ação, e não de contemplação. É possível aproximar-se dela sem medo, porque se pode agir sobre ela, transformá-la e recriá-la. É precisamente a transformação e a recriação que permitem uma real apropriação[9].

O texto acima foi adaptado do meu livro:

Práticas de Linguagem oral e escrita na Educação Infantil – PNBE do professor 2013 – Bruna Cardoso – Editora Anzol (Grupo SM).

Este texto é propriedade da autora (Bruna Cardoso) e da Editora SM, qualquer tipo de reprodução sem os devidos créditos é proibida.

[1] FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. p. 22.

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[2] WEISZ, Telma. Didática da leitura e da escrita: questões polêmicas. PátioRevista Pedagógica, Porto Alegre, Artmed, n. 28, nov.-dez., 2003.

[3] PASQUIER, A.; DOLZ, J. Un decálogo para enseñar a escribir. Tradução de Roxane Helena Rodrigues Rojo. (Circulação restrita). Cultura y Educación, Madri, n. 2, 1996, p. 31-41.

[4] FERREIRO, Emilia. Com todas as letras. Tradução de Maria Zilda da Cunha Lopes; retradução e cotejo de textos de Sandra Trabucco Valenzuela. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2007. p. 38.

[5] Idem, p. 39-40.

[6] Idem, p. 43.
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[7] FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985; FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985 (20. ed., 1992); Alfabetização em processo. 8. ed. São Paulo: Cortez Editora, 1992; FERREIRO, Emília (Org.). Os filhos do analfabetismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
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[8] FERREIRO, Emilia. Com todas as letras, cit., p. 44-47.

[9] Idem, p. 47.

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